quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Minha vida de co-piloto

Não dirijo. Sempre vou no banco do passageiro. Sempre foi assim. O trágico disso é que desde criança tenho atração pelo volante.
Quando era pequeno, na estrada que nos levava para o clube da cidade, eu sempre pedia a direção a meu pai. Ele cedia. Depois de ter bebido algumas cervejas, e estando todos satisfeitos na volta para a casa, ele cedia. Mas não cedia totalmente, é claro. Nessa época devia ter uns dez anos, ou talvez menos. Por conta disso, ele me cedia apenas a direção, ficando a seu encargo o funcionamento do acelerador e das trocas de marchas. Uau! Até hoje tenho um fascínio pelas trocas de marchas... Mas naquela época isso me tomava o pensamento: qual será a hora exata para se trocar a marcha? – perguntava-me. Ficava verdadeiramente angustiado com essa questão, a ponto de ver nas marchas o grande empecilho para a minha chegada à direção geral.
Hoje posso ver que meu pai não sabia a hora exata. Pelo menos, hoje em dia, ao vê-lo dirigir, tenho a impressão de que ele nunca soube achar a hora exata de trocar as marchas.
Confesso que não percebia isso quando dirigíamos juntos. Quando dirigíamos juntos, o carro não parecia nem precisar de marchas.

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